Poesia

Terra nenhuma

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Esta terra não é a minha terra.
Nenhuma terra é a minha terra.
Nenhum grão do que seja, de terra, de areia, do que seja, é terra que eu pise.
Eu não piso chão algum.
Eu não me movo, não me atrevo, nesta ou em qualquer terra.
Quantos anos somam as poeiras que me ferem a vista cansada?
As mesmas que me tragam entranhas e pele e os olhos feridos, esbatida a visão que me toldam numa rajada de vento vil e doentio.
Poeira traiçoeira que me devora e impede de pisar o chão, chão algum.
Me fustiga a alma dilacerada, me expulsa desta casa que não tenho, que não habito, como a terra, terra alguma, seja qual for.
Nenhuma terra é a minha terra.
Eu não vivo, nem respiro, não me movo, nem respiro, não existo, nem respiro.
Em terra alguma, eu não tenho terra, eu não a exijo, não a permito.
Esta, esta terra que não é minha.
Nem esta nem terra nenhuma.

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Terra nenhuma

Esta terra não é a minha terra. Nenhuma terra é a minha terra. Nenhum grão do que seja, de terra, de areia,

One thought on “Terra nenhuma

  • Renato Batisteli Pinto

    Gostei imenso

    Reply

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