Editorial – Série 3 – Nº42
A Ermida, agora Capela, erigida no século XVII em honra do Padroeiro da Vila, Senhor Jesus dos Navegantes, torna-se por momentos o ponto central das celebrações, no entanto é a ligação às águas do Tejo e do mar que tornam as Festas de Paço de Arcos tão especiais. O que é vivenciado em dois momentos distintos, durante a bênção dos barcos e no espetáculo ‘Piromusical’ no culminar das mesmas, instantes em que essa comunhão volta a acontecer, quando a marginal é aberta à população e o areal da Praia Velha se volta a ligar à vila, lembrando o tempo em que a Avenida Marquês de Pombal era a mais próxima da linha de água.
Celebrações em paralelo, de caráter religioso e pagão, as primeiras, com momentos de maior importância: o Terço da Misericórdia, a procissão noturna e a missa de ação de graças, são rituais seguidos por muitos populares cumprindo tradições que fazem parte das festas mais antigas do Concelho, com registos desde 1873.
![](https://www.avozdepacodearcos.org/wp-content/uploads/2022/09/oer-pacoarcos.gif)
Nas armas da vila, junto da âncora, o coração de ouro simboliza este sentimento humanitário que tanto tem salientado os naturais desta Vila, já os dois golfinhos apontam para a nossa ligação à natureza, ao mar e recordam-nos também dos homens, que até hoje, nestas águas têm a sua fonte de inspiração, de vida, de sustento e ainda a bravura heroica de colocar em risco as próprias vidas, para salvar a de outros.
Primeiro mordomo das festas, Patrão Joaquim Lopes poderia ser considerado uma dessas criaturas, meio-homem-meio-mar, sendo que este ano o Arrais João Fortuna a ele se juntou, Mestre Fortuna tornou-se, simbolicamente, um desses cetáceos orlados a ouro no brasão de armas da Vila. Ambos foram devidamente homenageados este ano, no caso com o descerramento de uma placa e atribuição do seu nome ao Parque de embarcações do Centro Náutico do CDPA.
Golfinhos serão Reis no mar, mas a vida em terra tem outros mestres, e Ruy de Carvalho foi a figura homenageada este ano nas celebrações locais e deu-nos o privilégio de participar numa tertúlia durante estes dias festivos. A ligação de Paço de Arcos ao Teatro é tão grande que o futuro Auditório José de Castro, com uma capacidade prevista de 110 pessoas, será, talvez, pequeno para acolher todo o potencial artístico e a sede de cultura sentida na localidade.
Terminando com as palavras do Pároco local, Padre José Luís Gonçalves da Costa: “Boas festas a todos os fregueses de Paço de Arcos e a todos os forasteiros que, nestes dias, nos visitarem“.
Rui Veiga