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Breve historial dos “Unidos Caxienses”

Um, dois, três, Caxias!

É preciso recuar aos anos 20 do século passado, à Rua Direita de Caxias tentando vivenciar a sua centralidade de então. Ponto de paragem obrigatória, com águas correntes, para quem percorria a estrada que ligava Lisboa a Cascais.
 Foi no piso térreo do edifício da antiga escola primária, encostada ao, posteriormente famoso, restaurante Mónaco, que começam os ensaios musicais entre amigos e vizinhos da terra, nas suas horas vagas.

Júlio do Rosário, Guilhermino de Almeida Soares e João Martins, foram os três fundadores do “Grupo Musical Unidos Caxienses“, que estão na origem da que é hoje uma das instituições desportivas mais importantes do Concelho de Oeiras.

4º aniversário do Grupo

Escolheram o primeiro dia de janeiro de 1930 para oficializar essa fundação, e nesta década  foram juntando amigos, o grupo musical foi crescendo e à data do seu 4º aniversário, registada fotograficamente, o agrupamento já era composto por quinze elementos.

Os anos 40 chegariam com a ameaça de que  a construção da Estrada Marginal pudesse fazer desaparecer  todo o quarteirão, levou à  mudança para o Largo Viscondessa de Santo Amaro, em Laveiras, o que aconteceu com toda a naturalidade.

Esta primeira mudança de instalações veio  melhorar as condições para os ensaios, passou a permitir uma regular realização de bailes, ajudou, ainda, a fomentar a cooperação com outras instituições similares.

São aqui iniciadas outras atividades, em redor dos bailes que ocorriam quase todos os fins de semana, ou na Sede, ou noutras localidades. A Biblioteca começou a crescer e sessões culturais, mais ou menos solenes, eram frequentadas por individualidades da política e da cultura deste concelho.

Nos anos 50, já com mais de trinta associados, a vontade de elevar a coletividade a outro patamar começou a ganhar forma e é com o dinheiro angariado pelas atividades do Grupo Musical, mas também com a ajuda da população de Laveiras e Caxias, que é comprado o terreno, destacado duma quinta, onde viria a ser construída a futura, e atual, Sede.

O normal périplo pelo concelho e arredores, entre outras deslocações mais longínquas, fê-los atuar não só em bailes e encontros de bandas, mas também em diversos eventos  desportivos, como gincanas e provas velocipédicas.

A vertente cultural nunca era descurada e eram comuns, na Sede, eventos com a presença de entidades várias, de outras coletividades nacionais e locais, como da Federação das Coletividades de Cultura e Recreio, de Jornais Regionais, da Junta de Freguesia, da Câmara Municipal, dos Bombeiros de várias localidades e de associações Desportivas e Recreativas, de Caxias, de Porto Salvo, de Queijas, de Tercena, dos Alunos de Apolo, entre outras, onde eram comuns sessões culturais, de cinema, de dança, de teatro, de fado, de música ligeira ou palestras de nomes da cultura nacional, residentes em Caxias, Igrejas Caeiro e Alves Redol, e uma tradicional oferta anual de livros aos seus associados.

Inaugurada em 1967, na Rua João Freitas Branco, em Laveiras, a terceira e atual Sede, que previa inicialmente a inclusão de uma escola primária e dum gabinete médico entre outras mais valias para a localidade, teve na sua construção muita mão de obra voluntária, entre associados, colaboradores e vizinhos.

 A instauração da democracia em Abril de 1974, criou um ambiente propício ao desenvolvimento do associativismo, e a  recente legislação, a começar pela Constituição, que não só viria a garantir o livre exercício do direito de associação como simplificaria o processo da aquisição, pelas associações, da personalidade jurídica.

A 7 de Janeiro de 1978, numa reunião de Assembleia-geral extraordinária, é proposta a mudança  de Grupo Musical para Agremiação Desportiva, apenas validada em 1987, a designação passou para Grupo Desportivo Unidos Caxienses. nome que se mantém até aos dias de hoje, e é com esta designação que, com o decorrer do tempo, o Grupo foi dando cada vez mais voz ao desporto, ficando a agremiação conhecida pelas inúmeras actividades desportivas que apoiou, e promoveu ao longo dos anos, com destaque desde logo, para: Futebol, Hóquei, Andebol, Atletismo, Futsal, Rugby e também para jogos tradicionais como a Malha, a Pesca e outras como Karaté, Kickboxing, Taekwondo e lutas amadoras, conseguindo, em algumas delas, um excecional palmarés.

Ao palmarés infindável juntou-se a organização de provas a nível concelhio como a prestigiada Corrida ‘Del Monte’ com a sua versão curta, a ‘Rapidinha’.

Uma conjunção de fatores altera significativamente o percurso do Grupo; a construção do Bairro Sá Carneiro, nas proximidades, nunca equipado pela autarquia com qualquer valência desportiva, a mudança da Escola Preparatória de Caxias, na Cartuxa, para a atual Escola de São Bruno, e subsequentes dificuldades de acesso ao  campo onde as atividades do Movimento Voluntário Desportivo, criado e fomentado pelo inesquecível António Alves Ribeiro, assim como a fusão, com a então Associação de Moradores “A Familiar”, que já prestava uma série de valências sociais e desportivas, vieram a tornar o Clube numa, real, “União de Caxienses”.

O campo polidesportivo descoberto, não permitia a realização de jogos oficiais pelo que foi decidido proceder à sua cobertura,  no mesmo ano em que foi atribuído o estatuto de utilidade pública à instituição, isto em 2021. Sempre em crescendo, as várias atividades desportivas tornaram-se mais regulares. São associações como esta, que prestam relevantes serviços à comunidade, que vão suprindo as lacunas, muitas vezes e que cabiam no papel das autarquias e do próprio Estado.

O Grupo manteve sempre a promoção de atividades sócio-culturais e desportivas, e integra em si a parte da educação dos jovens atletas que o frequentam, mas também a dos seus tutores, para tal, para tal, criou o código de conduta para os pais, onde é explícito que devem fomentar, e contribuir, para o reforço do bom ambiente que caracteriza o G.D.U.C., apoiando os atletas, treinadores, dirigentes e os outros pais com ações positivas, criando assim uma unidade entre todos. Onde não é a vitória que é o mais importante mas sim o Espírito de Equipa.

Quem hoje deixa uma criança a cargo de professores profissionais deste Grupo, sabe que estes seguem a conduta desta longa história integradora, que Caxias tem orgulhosamente como sua.

Atualmente, mais de 300 atletas, tantos que quase não couberam na foto no dia da inauguração do polidesportivo, que era aguardado há tantas décadas,  todos deram os parabéns à atual direção, que quer manter o foco na formação desportiva, com esses ensinamentos de referência, baseados no desportivismo, no espírito de equipa, na ética e na disciplina.

Hoje são 3 as modalidades desportivas base em que a agremiação aposta fortemente:
O Futsal com as classes Petizes, Traquinas, Benjamins, Infantis, Iniciados/Juvenis, Juniores e Seniores Femininos.
O Karaté, modalidade praticada e fomentada desde 1986 e a Ginástica que engloba várias vertentes, e em breve incluirá a Ginástica para seniores criando sempre uma grande ligação entre si,  e a comunidade local.

Emocionado no discurso de inauguração do novo pavilhão, Jorge Simão, ou Simão Grande, como é carinhosamente chamado o Presidente do Grupo, estatuto que ganhou pela sua estatura e dedicação: “O que é realmente importante para nós, é sentir a alegria genuína,aquela com que vi entrar os Benjamins para o primeiro treino neste pavilhão coberto”.

Historial:
 3 Fundadores,
 3 Sedes,
 3 Modalidades desportivas base
 1, 2, 3, Caxias!!! *

*) 1, 2, 3, Caxias! é o grito de guerra, ou de união, ou ainda o ‘aka’ das classes mais jovens, antes do início de qualquer partida.



 2023.05 – Rui Veiga, para A Voz de Paço de Arcos

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Rui Veiga

Da primária ao secundário, nas escolas da Vila, da Ginástica no CDPA à Natação e ao Polo Aquático na piscina da Escola Náutica, muito aprendi nesta terra onde vivo. Hoje com formação em História de Arte e Desenho, abracei o desafio da Voz de Paço de Arcos, de ajudar a manter um jornalismo cívico, público, de contato próximo e comunitário.

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