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Desânimo: Um estado de Alma

A Voz Impresso | Série: 3 | Nº 39 | Fevereiro| 2022 | Autoria: Luís Alvares | Foto: Pexels | Desenho: José Serrão de Faria

Quando temos vontade de vencer os obstáculos, ficamos imunes ao desânimo

Luís Álvares

Um destes dias, caminhava na minha marcha matinal, que faço diariamente, após a aposentação, onde vou descobrindo os locais mais recônditos do nosso maravilhoso e bonito Concelho de Oeiras, foi quando avistei o meu amigo, Armando Vilela, com quem já não me cruzava há algum tempo. Parei, por momentos, para dois dedos de conversa.

“Então Armando, como está”? Perguntei com alguma emoção.

“Olha , vou andando mais ou menos. Estou muito desanimado com esta situação indefinida, do nosso quotidiano, em que, quem nos podem ajudar, estão sempre em contradição”? Respondeu-me com uma voz amarga e dolorida.

Tentei confortá-lo, e, passado algum tempo, cada um seguiu o seu caminho, em que a palavra “desânimo” não saía da minha mente. 

Um pouco mais à frente, avisto outro amigo – Manuel Silveira, e faço, também com algum entusiasmo, a pergunta da praxe: Então Manel, como vai?

Respondeu-me com uma voz agridoce: Ando com um desânimo atroz, apesar de, financeiramente, até estar bem melhor. Isto é fruto de não poder fazer as viagens de lazer do costume, retendo-me há mais de 2 anos confinado em casa!

Tentei desvalorizar a situação, despedimos cortesmente, e continuei a minha caminhada.

Quase chegando à nossa colorida e atraente costa, onde costumo fazer o passeio marítimo, no paredão, e oiço uma voz a chamar-me. Quem era; o Fernando Rodrigues.

“Oh! meu caro o que é feito de si? Há muito tempo que, não lhe vejo nestas andanças”? Perguntei, com um ar surpreso. 

Respondeu-me de imediato, sem pestanejar. “Acha que, com essa tristeza e desânimo que me apoquenta, posso estar bem? Felizmente, até tenho uma boa pensão de reforma, mas para que serve?

Respirei fundo, já sem saber o que dizer. De facto, o dinheiro não compra a felicidade, pensei. No entanto, retorqui com umas palavras circunstanciais, de modo a elevar o seu ego, após o que, cada um seguiu o seu rumo.

Fiquei deveras apreensivo, e no primeiro banco que encontrei, sentei para me acalmar e meditar no que acabara de ouvir até então. Cheguei à conclusão que o desânimo é tão ou mais contagioso que o Covid –19  e as suas variantes. Eu próprio já estava a sentir-me incomodado, ao ponto de não querer continuar o meu programado percurso, porque, também, já me sentia desanimado. Fiquei mais um tempo especado, de olhos fechados, iluminado pela luz brilhante do sol, à procura de um antídoto, para essa “nova doença contagiosa”.

Passado algum tempo, retomei a minha marcha, distraindo-me com as areias limpas da praia, a ondulação do mar, o cantar das gaivotas, enfim, a vida que prosseguia.

LuisAlvares
Luis Alvares, por José Serrão de Faria

Mal cheguei à casa, não descansei sem que pusesse no papel, a forma de ultrapassar essa nova e agressiva “variante”.

Não é fácil lidarmos com o desânimo. Certamente, nós achamos que a vida têm muito mais sentido nos momentos que estamos felizes mas, temos de nos preparar, para enfrentar algumas situações adversas. Ainda que seja um processo desagradável, e sei-o bem. Por experiência própria, é possível superar os nossos problemas, quando nos dispomos a isso.  Mas, quando nós não encontramos forças?

A palavra desânimo vem do termo “desanimus” em latim que significa, “sem alma”. Na minha modesta opinião, a alma é o sinónimo de vida. Uma pessoa desanimada, geralmente não tem motivação para executar as mais diferentes tarefas diárias, como trabalhar, estudar e cuidar de si própria. Além disso, também, não tem disposição para sair com os amigos ou para colocar os seus sonhos em ação.

Por estas e outras razões, o desânimo é muito prejudicial e, não o podemos ignorar. É normal que, sintamos tristeza ou alegria, em certos momentos da nossa vida. Isso porque, as nossas emoções são reações do nosso corpo e da nossa mente, pelas causas endógenas ou exógenas, ou melhor, ou vem de nós mesmos ou do exterior. No entanto, temos, que pôr todas as nossas forças em ação de modo a não permitir que essa tristeza, provocada pelo desânimo, nos invada, continuamente.

Mas como ultrapassá-lo? De facto, não tenho formação nem conhecimentos ao nível da ciência para explanar, mas tenho a prática, ao nível do “utilizador”. Sabemos que, por muito que queiramos, não conseguimos ultrapassar coisas difíceis com otimismo. Veja-se a situação pandémica que a todos nós, sem exceção, estamos a viver, se mostram tão complexas que não sabemos como lidar com ela.

Apercebo-me que, quando estamos desanimados, até aquelas atividades que consideramos agradáveis e dava-nos prazer executá-las, ficam retidas por falta de vontade.  

Como atrás, já referi, é comum ficarmos entristecidos. No entanto, precisamos superar essa situação o mais rápido possível. Quando nós deixamos abater pelo desânimo, as perspectivas de dias melhores diminuem, e não temos motivação para lutar por elas. Não vale a pena deixarmos a vida passar pelos nossos olhos, sem aproveitarmos tudo o que ela tem para nos oferecer.

A realidade é que, a vida de todas as pessoas é feita de altos e baixos. É necessário que sejamos realistas e identifiquemos o que devemos fazer, para desfrutarmos cada momento da nossa existência, da melhor forma possível. Ficarmos parados a “ver passar os navios” é a pior escolha que podemos fazer por nós.

O exercício físico é um ótimo aliado para pessoas com desânimos frequentes. Isto porque, quando nos exercitamos, alem de o nosso corpo libertar substâncias químicas, nos trazem a sensação de bem-estar, bem como a melhoria da nossa auto-estima e motivação, o que vem a comprovar a velha máxima de “Mente sã num Corpo são.”

No entanto, é importante encontrar a modalidade de exercício que nos façam bem. Não adianta mexer por mexer. O que importa é escolher a melhor forma de exercitar, e não desistir.

Dito isto, vivamos o dia-a-dia o melhor que soubermos e pudermos.
Pessoalmente, estou disposto a este comportamento. E o Caro Leitor, também alinha?

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