ArtesCénicasPorta de Artistas

Foi Assim

de: Jon Fosse

… se é que tenho alguma esperança… sim… em mim é que não tenho …esperança nenhuma… isso é certo.” – Jon Fosse


É com estas palavras que começa um intenso monólogo de 70 minutos com compassos de espera entre palavras e frases meticulosamente construídas como se estivéssemos perante um solo de piano.

Arrepiante…de cortar a respiração!

Um cenário minimalista, e um foco de luz sobre um corpo prostrado numa cama de ferro branca, fria e gélida.

Suspiros intervalados de pequenas palavras arrastadas pela respiração de quem luta pelas suas últimas forças.

Fui surpreendida sim…pelo desafio que o próprio ator através do guião deixou toda a plateia do princípio ao fim num processo de ponderação e introspeção da proximidade do nosso fim, quando sozinhos fazemos o balanço frio do que fomos, e das capacidades que vamos perdendo.

Um homem no fim da sua vida, um artista, um pintor, faz um balanço da sua existência, dos seus afetos, da sua condição. Um exercício individualista ao estilo do autor, com uma escrita rarefeita e com muitas repetições…um ruminar de sentidos e de emoções.

Um momento de teatro tão nobre que nos leva a ponderar a nossa própria existência, enquanto simples humanos.

Não posso deixar de referir as tão sábias palavras do encenador António Simão que fazem justiça a grandiosidade do guião e do seu autor:

Jon Fosse foi cantor de uma banda de punk-rock e escrevia como um baixista, “como se as palavras fossem as notas graves e quentes de um baixo.” Esta confissão veio a comprovar-se na musicalidade da sua escrita; das repetições, dos parágrafos, das pausas e da meticulosa estrutura. Como se tornasse o trabalho de repetição do texto por parte do ator em escrita dramática, sabendo que cada vez que um ator repete a mesma frase, vai revelando a multiplicidade de sentidos, tonalidades, nuances e um mais profundo sentido poético onde o silêncio domina.” – António Simão

É de coração cheio e alma “filtrada”, que congratulo todos que fizeram acontecer este momento de teatro tão intenso.

VIVA O TEATRO!


Reportagem – Eduarda Andrino

Fotografo – Jorge Gonçalves


Eduarda Andrino
e
José Raposo – Ator

Foi Assim

FICHA TÉCNCA

Tradução – Pedro Porto Fernandes

Interpretação – José Raposo

Cenografia e Figurinos – Rita Lopes Alves

Luz – Pedro Domingos

Ponto – Lídia Munõz / Sara Barradas

Montagem – Francisco Silva

Operação – Lucas Domingos

Direção de cena – Hélder Braz

Assistente de encenação – Pedro Cruzeiro

Encenação – António Simão

Fotos de cena – Jorge Gonçalves

Promotor – Artistas Unidos


A peça encontra-se em cena no Teatro da Politécnica de 14 de março a 15 de abril

(3ª a 5ª as 19h – 6ª ás 21h e Sábados ás 16h e ás 21h)

RESERVAS E INFORMAÇÕES – 96 196 02 81 e bilheteira@artistasunidos.pt

                                                                                                  

Quantas estrelas esse artigo merece?

Classificação média 5 / 5. Votos: 2

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a classificar esse artigo

Como você achou este artigo útil ...

Partilhe-o nas redes sociais

Lamentamos que este artigo não lhe tenha sido útil

Ajude-nos a melhora-lo!

Diga-nos como podemos fazê-lo.

Quer receber as nossas notícias em primeira mão?

Não enviamos spam! Leia a nossa política de privacidade para mais informações.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Usamos cookies para garantir que você obtenha a melhor experiência em nosso site.