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O Advento

O Advento é uma época para refletir, acender velas e ter expectativa

Esta celebração, que tem o nome da palavra latina para chegada, serve como contagem decrescente para o Natal, quando os cristãos honram o nascimento de Jesus Cristo.

Durante os dias mais escuros de inverno, os cristãos preparam-se para um dos feriados mais importantes da sua religião com a época do Advento. Com uma duração de aproximadamente quatro semanas, esta é uma época para acender velas, refletir e ter expectativa – uma oportunidade de preparação para o Natal, a celebração do nascimento de Jesus Cristo.

As datas do Advento variam de ano para ano. Em 2021, o Advento começou no domingo dia 28 de novembro e termina na sexta-feira dia 24 de dezembro.

As origens do Advento

As origens desta tradição remontam a antigos ritos seculares praticados pelos povos europeus através dos quais celebravam o nascimento do Sol ou seja, o solstício de Dezembro, os quais vieram mais tarde a dar origem às saturnais romanas.

A sua forma circular representava precisamente a divindade solar que ocupava um lugar central em todos os ritos pagãos. Durante o inverso, os povos antigos acendiam grandes fogueiras, simbolizando a luz e o calor em cujo regresso se depositavam as esperanças, aparece simbolizado nas velas que fazem parte dos rituais da nossa fé.

Com efeito, através do rito, os povos antigos celebravam a acção criadora dos Deuses, assegurando dessa forma a ininterrupção do ciclo da vida e da morte num perpétuo renascimento e conferindo ao ritual um cunho de magia.

Porém, partindo de tais costumes e tradições, os cristãos transmitiram a esses povos pagãos uma nova espiritualidade, levando-os a substituir as suas crenças ancestrais. E, desse modo, também a Coroa do Advento adquiriu uma nova simbologia e um novo significado.

O nome Advento vem da palavra adventus, latim para “chegada”. À medida que a igreja cristã se ia solidificando no século V d.C., o mesmo acontecia com as tradições em torno do dia 25 de dezembro. Os historiadores rastrearam as primeiras celebrações formais do Advento até ao norte de Itália, onde os fiéis se preparavam durante semanas a jejuar, orar e a refletir sobre os valores cristãos.

A primeira referência ao “Tempo do Advento” é encontrada na Península Ibérica, quando no ano 380, o Sínodo de Saragoça prescreveu uma preparação de três semanas para a Epifania, data em que, antigamente, também se celebrava o Natal. Epifania significa revelação e, por isso, representa o dia em que Jesus foi apresentado ao mundo, o que teria acontecido com a chegada dos Reis Magos no local do nascimento de Jesus.

No final do século IV, na Gália (atual França) e na Península Ibérica (atualmente Portugal e Espanha), tinha caráter ascético com jejum, abstinência e duração de 6 semanas como na Quaresma (quaresma de S. Martinho). Na Gália, Perpétuo, bispo de Tours, instituiu setenta semanas de preparação para o Natal e, em Roma, o Sacramentário Gelasiano cita o Advento no fim do século V.

O Advento é agora considerado a primeira época do ano litúrgico, o ciclo anual de celebração dos mistérios de Cristo com dias de festa e leituras das Escrituras. Tal como os seus antepassados, os cristãos da atualidade tratam esta época como uma preparação em honra a Cristo. O Advento é celebrado em quatro domingos consecutivos, começando no domingo mais próximo do dia 30 de novembro e terminando no dia 24 de dezembro, na véspera de Natal.

Cada domingo tem um significado tradicional e orações especificas que lhes são atribuídas; e representam, por ordem, as virtudes cristãs de amor, alegria, esperança e paz. Para os crentes, o Advento representa um período multifacetado durante o qual se preparam para o nascimento de Cristo, celebram a fé e a conversão ao cristianismo e antecipam a eventual ressurreição do filho de Deus.

Coroa do Advento

Considerada uma época de luz no pico da escuridão do inverno, o Advento é simbolizado na igreja através de uma coroa à luz de velas. Em 1838, Johann Wichern, um pastor luterano alemão, começou a usar esta coroa para ajudar a sua congregação a contar os dias até ao Natal.

A Coroa do Advento é decorada em função da devoção de cada pessoa.

Tambem chamada de “guirlanda do Advento” é um objeto muitas vezes de forma circular coberto de ramos verdes, no qual se colocam quatro velas e é decorada em função da devoção de cada pessoa. Tradicionalmente as velas são (verde, acesa no no 1º domingo do advento, roxa no 2º domingo (a cor tradicional do Advento), vermelha no 3º domingo e branca no 4º domingo).

Exposta nas igrejas nas quatro semanas que precedem o Natal, geralmente é posta próxima ao presépio ou do ambão, enfim, num lugar de destaque no templo. Simboliza a alegria da espera do Senhor que está para vir, o Advento de Jesus.

Tradicionalmente, os cristãos oram, cantam e acendem uma vela adicional em cada domingo do Advento até que todas as velas estejam acesas no quarto domingo. Uma quinta vela branca, conhecida por vela de Cristo, fica por vezes apagada no centro da coroa; só é acendida na véspera de Natal.

O círculo da coroa: simboliza a nova aliança de Deus com a humanidade.

Os ramos verdes, da coroa do advento significam a esperança, essa mesma esperança que leva a perseverança, uma entrega total da vida a Deus.

A fita vermelha: representa o testemunho e o amor de Deus que nos envolve por completo, um amor forte e infinito.

O Roxo no Advento não significa penitência, mas um recolhimento, uma purificação da vida pela justiça e pela verdade. O Roxo vem acompanhado do sentido de um recolhimento que alimenta uma esperança.

Calendários do Advento

Outra tradição alemã é o calendário do Advento. Durante o século XIX, os adultos começaram a ajudar as crianças a contar os dias até ao Natal. A partir do dia 1 de dezembro, alguns luteranos alemães faziam marcas com giz nas portas em antecipação para a chegada do menino Jesus, e outros pais criavam formas caseiras de contagem decrescente que envolviam petiscos e a leitura de versículos bíblicos.

Em 1908, o tipógrafo alemão Gerhard Lang imprimiu o primeiro calendário do Advento. Quando Gerhard Lang era criança, a sua mãe fez um calendário à mão com pequenas portas de papelão e doces no interior. Criou e comercializou ao menos 30 desenhos antes da sua firma retirar-se do mercado na década de 30. Na mesma época, a companhia de impressão Sankt Johannis começou a produção de calendários do Advento religiosos com versículos da Bíblia no lugar das imagens nas pequenas janelas.

Em 1953, os três netos do presidente dos Estados Unidos Dwight D. Eisenhower juntaram-se ao apelo para as pessoas comprarem calendários do Advento importados da Alemanha pela Liga Nacional de Epilepsia.
Fotografia de Bettmann Archive

Depois da guerra, outro tipógrafo alemão, Richard Sellmer, obteve permissão das forças de ocupação americanas para imprimir um calendário do Advento em 1946. Richard Sellmer usou os seus contactos com os americanos para apresentar o calendário do Advento nos Estados Unidos e, com a ajuda do presidente Dwight D. Eisenhower, que foi fotografado a abrir um destes calendários com os seus netos em 1953, os calendários do Advento tornaram-se cada vez mais populares nos EUA.

Embora tecnicamente o Advento comece no final de novembro, os calendários modernos do Advento geralmente começam no dia 1 de dezembro e têm pequenas portas ou caixas com imagens, bugigangas ou chocolates para serem abertos e consumidos antes do Natal. Os Marcas e lojas investem muito dinheiro nos calendários do Advento e os consumidores podem optar por calendários centrados na beleza, personagens populares ou até mesmo no consumismo.

Tal como acontece com outras tradições de Natal, os calendários do Advento ficaram cada vez mais secularizados nos séculos XX e XXI. Mas as suas tradições continuam a ser uma forma divertida para crianças e adultos anteciparem as delícias do Natal durante um mês mais escuro e invernal.

Fonte nationalgeographic

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Rui Veiga

Da primária ao secundário, nas escolas da Vila, da Ginástica no CDPA à Natação e ao Polo Aquático na piscina da Escola Náutica, muito aprendi nesta terra onde vivo. Hoje com formação em História de Arte e Desenho, abracei o desafio da Voz de Paço de Arcos, de ajudar a manter um jornalismo cívico, público, de contato próximo e comunitário.

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