OpiniãoSaúde

O mundo das infeções virais

Entre os inimigos invisíveis ao olho nu distinguem-se as bactérias e os vírus. Estes últimos mais primitivos são mais difíceis de reconhecer e por várias razões de os combater.

Ultimamente temos vivido sob o estigma do coronavírus, um tipo de vírus com o qual lidamos há muito tempo, pois é ele, noutras variedades que nos cria o problema sistemático e renovável com constipações e gripes, mais ou menos severas. No entanto o mundo viral é imenso e tem criado muitas situações de pânico entre nós, lembremos o problema da SIDA e das consequências sanitárias e sociais que se foram atravessando. Hoje em dia, praticamente, pouco se fala nessa situação tão gravosa que matou tantos durante vários anos. No entanto a ciência avançou e criou defesas. Curiosamente não existe vacina para lutar contra a SIDA, mas existem uma série de medicamentos antivirais e retrovirais que conseguem mitigar a infeção. Atualmente já temos pessoas de idade avançada portadoras da doença, que acabam por vir a falecer por outras causas, nomeadamente pelas contingências da idade.

Mas para além da SIDA temos uma série situações com infeções virais com as quais lidamos frequentemente e que, força do hábito e por vezes por desconhecimento, devido à vulgarização da situação, acabamos por não dar o relevo que elas merecem. Estou-me a referir mais propriamente às hepatites virais. Elas podem apresentar um aspeto benigno ou mesmo mortal.

Os vários tipos de hepatites virais.                                                  

Existem cinco tipos identificados de hepatite: A, B, C, D (Delta) e E.

 As dos tipos A e E, só se manifestam de forma aguda, apresentando sintomas que incidem no estado geral de saúde, podem, no entanto, ficar silenciosos vários anos, mas acabam por ser dominados pela resistência (anticorpos) do paciente, sendo eliminado o vírus do organismo. Mas os tipos B, C e D, podem tornar-se crónicos obrigando a outro tipo de cuidados por parte dos órgãos de saúde a nível mundial.

Existem vacinas para algumas das hepatites aplicáveis em crianças que vão permitir evitar as infeções no futuro. Além disso existem igualmente testes de controlo que permitem evidenciar com facilidade a presença do vírus e assim avançar no sentido de prevenir contágios e também facilitar o seu tratamento. Esses controlos são recomendados sempre que haja permanência especialmente em países asiáticos ou africanos.

Contágio e prevenção – A hepatite A é transmitida através da ingestão de água ou alimentos contaminados, sendo mais frequente em crianças de 5 a 13 anos. Para evitar a contaminação, é necessário lavar bem os alimentos crus. Sempre que se recorre aos sanitários, na confeção das refeições e no decorrer da alimentação, também é fundamental lavar as mãos para evitar o contágio com o vírus.

Para a hepatite B existe uma vacina disponível nos Centros de Saúde, sendo a primeira dose administrada à nascença seguida por mais duas doses para obter a imunização. A vacina em adultos também é indicada para profissionais de saúde, manicures, bombeiros, policias, hemofílicos, pacientes que fazem hemodiálise ou grupos de comportamento de risco ou quando em deslocações ao estrangeiro. O contágio com o vírus pode acontecer por contato com sangue ou tecido contaminado ou ainda quando existem relações sexuais desprotegidas.

Apenas os portadores da hepatite B podem ser infetados com o vírus do tipo D. As formas de contágio são as mesmas, mas o vírus D só se manifesta se já houver a contaminação pela hepatite B.

O tipo C é o que se apresenta como sendo o mais crónico.  Apenas 20% das pessoas contaminadas consegue eliminar o vírus nos seis primeiros meses; 80% das pessoas evoluirão com a hepatite C crónica, podendo apresentar quadros de cirrose, icterícia, inchaço, alterações no sangue e cancro no fígado. As formas de contágio são semelhantes às dos tipos B e D.

Em termos de prevenção, nos três casos é importante não compartilhar agulhas, seringas ou objetos cortantes. Os institutos de beleza a frequentar com manicure e pedicure, deverão seguir protocolos de segurança em que são esterilizados de maneira correta as ferramentas e alicates. Sessões de acupuntura, piercings e tatuagens devem ser feitos em ambientes estéreis e só com materiais descartáveis ou estéreis.

Existe tratamento para as formas crónicas de hepatite, mas o diagnóstico precoce aumenta as possibilidades de cura e controlo da doença. Nas formas agudas das hepatites do tipo A e E, o tratamento antiviral é eficaz, sendo o índice de cura e eliminação do vírus muito alto.

As formas agudas de hepatite tipos B, C e D não possuem tratamento curativo. O controlo dos sintomas da doença é feito recorrendo à medicação e ao repouso. No caso de evolução progressiva da doença verifica-se o aparecimento de cirrose, de fibrose nodular e finalmente cancro.

O Plano Nacional de Vacinação aplica-se, gratuitamente, a todas as pessoas presentes em Portugal. Recomendam-se diferentes esquemas vacinais gerais, em função da idade e do estado vacinal anterior e ainda esquemas vacinais específicos para grupos de risco ou em circunstâncias especiais: • Às crianças, dependendo da idade, recomendam-se 13 vacinas: contra hepatite B, difteria, tétano, tosse convulsa, poliomielite, doença invasiva por Haemophilus influenzae do serotipo b, infeções por Streptococcus pneumoniae de 13 serotipos, doença invasiva por Neisseria meningitidis do grupo B e do grupo C, sarampo, parotidite epidémica, rubéola e ainda a vacina contra infeções por vírus do Papiloma humano;

Fizemos assim uma pequena viagem ao mundo dos vírus para além daquele que mais tem chamado a nossa atenção: o coronavírus. Ultimamente temos sido alertados pelas entidades sanitárias de uma nova ameaça de invasão viros, a referida, “varíola dos macacos”. Atendendo a sua capacidade de disseminação, muito semelhante à das hepatites, especialmente o contacto com vestimentas, a Organização Mundial da Saúde, criou um alerta a nível mundial com recomendações de prevenção.

PS.

Esta temática surge na sequência de uma palestra proferida pela Drª Ana Duarte, elemento da SER+, (geral.cad@via.pt) organização de apoio aos casos discriminação nesta área.

Informação emitida pela DGS.

Parte II

Outras formas de abordar clinicamente as infeções virais

Na continuidade desta abordagem dos vírus e, nas várias formas de atacar a doença viral, que não tem tido, no nosso caso, a relevância quanto às defesas atualmente disponíveis. Tivemos ultimamente conhecimento pelos meios de comunicação de que o Presidente dos EUA, Joe Biden, apesar de estar protegido com todas as vacinações, ter acusado positivo ao Covid-19. Dada a sua idade foram tomadas as disposições clínicas necessárias para manter o presidente fora de perigo e, para o efeito estão a ser administrados uns comprimidos antivirais. Segundo os comentários nos media, não tem havido, por parte do atingido, qualquer evidência ou sintomas impeditivos da sua atividade.

Já faz algum tempo que tenho alertado para o fato de se estarem a desenvolver antivirais específicos para o coronavírus, mas por estranho que pareça, a EU, ou melhor a organização europeia do medicamento (EMA) apesar de ter aprovado  medicamentos, mesmo com limitações, não tem insistido muito nessa solução como o da apresentada pela Pfizer, com os comprimidos de Paxlovid, atualmente administrados ao presidente.

 Segundo informação escrita, esta medicação está preferencialmente indicada para os pacientes que após a vacinação completa precisam de um adicional de segurança, evitando qualquer sintoma indesejável. Os dados oficiais, referem ser eficiente em mais de 80% dos casos.

Este assunto talvez mereça mais esclarecimento, pois não constou até agora qualquer aceitação por parte das nossas entidades deste tipo de medicação e evidenciam antes a necessidade de um novo reforço de vacinação Covid-19 para a época invernosa, acompanhando a vacina tradicional da gripe.

Entretanto a própria EMA tem vindo a avaliar e a conceder autorizações de comercialização, embora restritas a várias substâncias com comportamento antivírico. Neste contexto, apesar da possibilidade de recorrer à informação disponibilizada por essa entidade, parece não haver uma grande abertura por parte das entidades mais diretamente relacionadas com a causa. Parece existir uma primazia da vacina em relação a via oral com fármacos devidamente estudados. Quais os motivos desta escolha?

Junto se transcreve uma lista publicada pela entidade em referência:

Treatments authorised in the European Union (EU) to treat COVID-19, following evaluation by the European Medicines Agency (EMA). 

Authorised COVID-19 treatments (Tratamentos Autorizados)

The following treatments can be used in the EU to treat COVID-19:

TreatmentStatusMore information
Evusheld (tixagevimab / cilgavimab)Marketing authorisation granted: 25/03/2022Latest news
Kineret (anakinra)Marketing authorisation granted: 17/12/2021Latest news
Paxlovid (PF-07321332 / ritonavir)Conditional marketing authorisation granted: 28/01/2022Latest news Paediatric investigation plan
Regkirona (regdanvimab)Marketing authorisation granted: 12/11/2021Latest news Paediatric investigation plan
RoActemraMarketing authorisation for COVID-19 indication granted: 07/12/2021Latest news
Ronapreve (casirivimab / imdevimab)Marketing authorisation granted: 12/11/2021Latest news
Veklury (remdesivir)Conditional marketing authorisation granted: 03/07/2020Latest news Clinical data (login required) Paediatric investigation plan
Xevudy (sotrovimab)Marketing authorisation granted: 17/12/2021Latest news

.Podemos seguir os passos das evaluações através deste site:

COVID-19 guidance: evaluation and marketing authorisation

Embora sabendo dos cuidados e restrições para este novo tipo de classe terapêutica, vamos seguir os passos desta situação com a atenção que merece.                                                                Eduardo Alberto Franco Barata

Oeiras Julho 2022

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