Caleidoscópio do AutoconhecimentoNaturopatiaNutrição

Evitar o glúten… é moda ou solução?

É daquelas pessoas que quando acaba de comer pão, tem logo que comer outro a seguir?

Quando come um pratão de esparguete com carne, tem de voltar a encher o prato, porque ainda tem fome? E que estranhamente passado uma hora ou duas já podia comer outra vez, mesmo sentido que já comeu bastante? Então este artigo é principalmente para si.

Dr William Davis, no seu livro Wheat Belly, que traduzido significa Umbigo de Trigo, mostra que o trigo tem algumas propriedades aditivas no cérebro. Contém por exemplo, certos componentes que aumentam a fome e levam a um verdadeiro vício no consumo de produtos derivados do trigo.

Semanalmente nas minhas consultas, pelo diagnóstico que faço a certos pacientes, não raras vezes aconselho dietas de quinze dias sem glúten e obtenho testemunhos bastante animadores.

Muitos destes pacientes dizem que voltaram a ter mais energia, menos dores, mais clareza mental, menos inchaço abdominal, menos gases e alguns chegam até a perder algum peso.

Uma coisa é certa, o trigo produzido atualmente, pouco tem a ver com o trigo de há cinquenta ou cem anos atrás. Para abastecer uma humanidade em constante crescimento que anseia por comer pão todos os dias, este cereal já sofreu diversas transformações genéticas.

E não é apenas o trigo que tem glúten. Este pode ser encontrado igualmente na cevada, centeio e na aveia que geralmente é processada em lugares onde também lidam com produtos com glúten. E claro, todos os alimentos derivados destes como pães, massas, cereais de pequeno-almoço, etc.

Sucintamente, pode-se dizer que o glúten parcialmente digerido produz certo tipo de peptídeos denominados exorfinas, que são estimulantes dos receptores opióides no cérebro. Estas exorfinas aumentam a fome, deixam a pessoa mais apática e pesada de movimentos e chegam a deixar a pessoa viciada no consumo de produtos derivados do trigo segundo aquele pesquisador. Para combater a sensação de lentidão a pessoa tem necessidade de comer maiores quantidades do que necessitaria e tomar mais estimulantes para aguentar o dia.

Todos nós já vivemos a experiência de em fases que comemos menos pão, a tendência é diminuir a barriga e os gases. O simples bloqueio farmacológico das exorfinas, ou seja, ficar sem comer glúten durante vários dias seguidos, faz-nos sentir com mais energia, apesar de, na realidade, termos reduzido o consumo de até 400 calorias diárias de alimento. E ainda perdemos o tal umbigo de trigo que William Davis faz referência.

Por tudo isto, dá para perceber que o trigo é um poderoso catalisador do apetite e da letargia.

Mas como é que isto acontece?

Existem alimentos e temperos que facilitam o apetite naturalmente, mas esse não é o caso do glúten. Isso acontece por uma disfuncionalidade no organismo Além da acção das “exorfinas” no cérebro, existe uma proteína do glúten chamada “gliadina.” Esta, destrói em algumas pessoas as vilosidades intestinais, partes do intestino responsáveis pela absorção dos nutrientes como proteínas, vitaminas e minerais importantes. Ao estarem feridas, estas vilosidades não exercem a sua função de absorção, fazendo com que a pessoa nunca se sinta totalmente satisfeita. Numa dieta continuada com glúten, estas feridas podem levar a um aumento da permeabilidade intestinal, o que por sua vez permite que metais pesados e proteínas inteiras sejam absorvidas para a corrente sanguínea, podendo provocar reações auto-imunes.

Além da conhecida Doença Celíaca, na qual alguns pacientes alérgicos ao glúten experimentam diversos sintomas como dores abdominais e diarreia com o consumo de glúten, há um grande número de patologias auto-imunes associadas ao consumo de trigo, mesmo em pessoas que não são consideradas alérgicas ao glúten. Podemos citar, por exemplo, artrite reumatóide, lúpus, esclerose múltipla, colite ulcerativa, cólon irritável, enxaquecas, entre outras. Houve até casos de pseudo-esquizofrenia. Ao retirar-se o glúten da dieta deixaram de ter os sintomas de esquizofrenia.

Há mais informação relativa ao consumo de trigo, como por exemplo aumentar a inflamação dos tecidos do corpo gerando dor em certas pessoas, ou de poder levar rapidamente à hiperglicemia no sangue, mas aqui neste artigo não dá para entrar em grandes detalhes. Mais uma vez reitero, há pessoas mais sensíveis ao glúten que outras, mas é bom estar atento.

E calma, não se assuste. Se gosta muito de pão e massas em geral, não precisa ficar triste e a pensar que nunca mais poderá ingerir estes alimentos sem peso na consciência. Hoje em dia há à venda toda uma gama de produtos sem glúten como pães, bolachas, espaguetes, que geralmente acabam por ser mais saudáveis. Em minha casa, eu e a minha companheira produzimos várias alternativas de pães e salgados sem glúten para consumo da família.

Bruno Gonçalves (Naturopata e Acupuntor)
Bruno Gonçalves
(Naturopata e Acupuntor)

Caso pretenda mais esclarecimentos acerca destes assuntos, pode sempre me escrever para o email: brunonaturopata@gmail.com que eu terei a satisfação em lhe responder.

Tendo tudo isto em conta, quero lançar-lhe um desafio:

Tente ficar quinze dias sem comer trigo, centeio, cevada e aveia e seus derivados. Pode comer mais arroz, leguminosas, quinoa, batata doce e trigo sarraceno que não têm glúten.

Vá escrevendo as sensações ao longo dos dias e se o seu desempenho físico e intelectual muda de alguma maneira, principalmente a partir do 10º dia.

Caso se sinta à vontade escreva-me a contar os efeitos ou deixe uma mensagem aqui nos comentários.

A quem me escrever, eu enviarei uma receita de pão sem glúten muito fácil de fazer.
Aceita o desafio?

Saudações fraternas.

Bruno Gonçalves (Naturopata e Acupuntor)

Quantas estrelas esse artigo merece?

Classificação média 0 / 5. Votos: 0

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a classificar esse artigo

Como você achou este artigo útil ...

Partilhe-o nas redes sociais

Lamentamos que este artigo não lhe tenha sido útil

Ajude-nos a melhora-lo!

Diga-nos como podemos fazê-lo.

Quer receber as nossas notícias em primeira mão?

Não enviamos spam! Leia a nossa política de privacidade para mais informações.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Usamos cookies para garantir que você obtenha a melhor experiência em nosso site.