Saúde

Dia Mundial da Voz

Pandemia afetou as cordas vocais dos portugueses por causa das máscaras e do teletrabalho

Os rastreios da voz que irão decorrer no Hospital Egas Moniz, entre 11 e 14 de Abril, dirigem-se à comunidade artística, mas também estão abertos a toda a população de forma gratuita.

O rastreio do Dia Mundial da Voz, a 16 de Abril, desenvolvido pela GDA – Gestão dos Direitos dos Artistas tem este ano uma preocupação adicional: os músculos do aparelho vocal de atores e cantores estiveram inativos durante longos períodos, o esforço de projeção de voz causado pelas máscaras criou disfonias que os concertos e as peças desta primavera estão a revelar. «É essencial que os profissionais da voz façam rastreio!», alerta Clara Capucho.

Os rastreios da voz dirigem-se à comunidade artística, mas também estão abertos a toda a população de forma gratuita. Irão decorrer na Unidade da Voz do Hospital Egas Moniz entre as 9:00 e as 17:00, mediante inscrição prévia no site da Fundação GDA.

A iniciativa irá assinalar o Dia Mundial da Voz 2022 – 16 de abril, sábado – este ano em Portugal sob o lema “Ergue a tua Voz”. Nesse dia serão apresentadas as principais conclusões do inquérito realizado aos cooperadores da GDA para avaliar os níveis do desconforto vocal e os efeitos das máscaras anti-Covid-19 na voz dos artistas em Portugal.

Nos primeiros meses de 2022 os cantores portugueses queixaram-se mais do que os atores de desconforto vocal, devido ao uso de máscaras anti-Covid-19, revela um inquérito da Gestão dos Direitos dos Artistas (GDA).

O inquérito foi realizado a 185 cantores e a atores para avaliar os níveis do desconforto vocal e os efeitos das máscaras anti-Covid-19 na voz dos artistas em Portugal. Segundo o estudo, em curso na Unidade de Voz do Hospital Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, em parceria com a GDA,  as principais queixas dos profissionais da voz artística são a secura das cordas vocais e a inflamação da garganta.

“Neste momento, os problemas pós-pandemia são o uso da máscara, que fez com que as pessoas começassem a ter uma disfonia de tensão muscular, e muitas pessoas trabalharam online ao computador – também pelo posicionamento e a maneira como olhavam para o computador -, o que fez com que houvesse uma contração ao nível dos músculos cervicais, levando ao desencadear de uma rouquidão, uma mudança de voz, a que nós chamamos de disfonia, exatamente por contractura e má colocação, utilizando músculos errados”, explica Clara Capucho.

De acordo com a Doutora Voz, apelido pelo qual esta médica também é conhecida, também estão a surgir muitos casos de refluxo laríngeo, agravados igualmente pela pandemia. “Muitas pessoas, no isolamento em casa, também se dedicaram a comer e a beber um pouco mais e não pudessem fazer uma digestão a caminhar, a mexerem-se.

Comem desalmadamente e depois vão-se deitar. E então o refluxo aparece-nos muito agora, as pessoas sofrem muito de refluxo, têm a voz rouca de manhã”, prossegue Clara Capucho, acrescentando também têm surgido laringites crónicas do tabaco, pois as pessoas devido ao isolamento começaram a fumar mais. Segundo esta especialista, estes são problemas que podem ser facilmente debelados.

Para combater estes problemas e manter as cordas vocais saudáveis, Clara Capucho dá uns conselhos, que tanto se aplicam à população em geral, como aos que usam a voz profissionalmente, como cantores e atores, e aos quais esta médica tem dedicado especial atenção durante a sua carreira. “Um dos conselhos que damos é a hidratação das cordas vocais, a diminuição das bebidas alcoólicas e do tabaco. Mas também medidas anti refluxo como não comer à noite, dormir com a cabeça mais alta, tentar comer alimentos mais saudáveis para poder fazer a digestão, tentar ter um corpo mais saudável e, sempre que possível, não usar máscara”. A otorrinolaringologista recorda que é muito importante que os professores e os artistas vão ao médico regularmente verificar a saúde do seu aparelho vocal.

Foto de Pexels

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Rui Veiga

Da primária ao secundário, nas escolas da Vila, da Ginástica no CDPA à Natação e ao Polo Aquático na piscina da Escola Náutica, muito aprendi nesta terra onde vivo. Hoje com formação em História de Arte e Desenho, abracei o desafio da Voz de Paço de Arcos, de ajudar a manter um jornalismo cívico, público, de contato próximo e comunitário.

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