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Da Quinta do Torneiro até à Rotunda de Baden Powell – Laveiras

jornal avoz de paço de arcos online imagem josé marreiro - diretor da associação cultural a voz de paço de arcos

Vamos iniciar estes “Caminhos” onde ficámos no anterior, Quinta do Torneiro. Esta quinta teve grande importância na sua época, séculos XIX e XX, pela qualidade dos seus salões onde aconteciam, com frequência, grandes festas que reuniam as mais importantes famílias da região. Os seus azulejos, e peças ornamentais, são testemunhos do requinte do seu recheio. Mas, sobre a Quinta e a sua história publicaremos brevemente um estudo detalhado, pelo que agora vamos avançar à descoberta do caminho que nos vai levar ao destino pré-definido.

Assim, vejamos o aglomerado habitacional que se desenvolveu em frente à quinta, O Canejo, famoso pelo seu restaurante, com o mesmo nome, que os mais antigos, os do meu tempo, recordam como tasca, petisqueira, onde a sua tão apreciada água pé acompanhava queijinhos frescos, chouriço assado, caracóis e outros petiscos que iam mudando consoante a época do ano.O Canejo, hoje, distingue-se pela sua cozinha maioritariamente portuguesa, onde os bacalhaus, os peixes frescos, ou cozidos à portuguesa e outros, marcam sempre presença.

Entramos no bairro onde habitações antigas acompanham outras mais recentes, e que mantêm a característica de aldeia onde todos se conhecem, praticando uma vizinhança amigável e participativa. Logo no início da estrada que acompanha o muro da quinta temos um edifício de escritórios devoluto após ter tido aí instalado um estúdio de gravação. Do contato com alguns residentes resultou, em nós, o desejo de lá voltarmos para melhor os conhecer e para dar a conhecer as suas facetas de vida tão ricas e tão pouco divulgadas. Aproveitamos para apanhar, e comer, algumas amoras da pernada da amoreira que, passando por cima do muro, fica ao nosso alcance a partir da estrada.

Para nós foi uma agradável recordação do tempo em que as ruas de Caxias, onde eu morava, estavam ladeadas por amoreiras pelo que cresci a subi-las, e a apanhar os seus suculentos frutos, quer vermelhos quer brancos.

Após o casario, entramos numa zona outrora agrícola e que presentemente se encontra ao abandono, pacientemente a aguardar que novos planos de urbanização permitam a sementeira da “cultura” que garante bons rendimentos aos proprietários, que é a construção de casas de habitação, e assim lá vamos vendo aumentar as zonas urbanas em detrimento das rurais. Constatamos a existência das antigas minas de água, ao lado das quais se desenvolveram as atuais condutas da EPAL que abastecem os depósitos, e rede de distribuição, do SIMAS, que abastecem de água grande parte do concelho de Oeiras.

Chegados aos citados depósitos, temos de retornar à Estrada de Paço de Arcos, uma vez que a estrada da Quinta do Torneiro termina aqui, junto à entrada da Quinta, não tendo ligação à Av. Calvet Magalhães, que passa junto ao seu limite.
Para continuarmos, temos de tomar a Rua Calvet Magalhães, no seu términus, onde começamos por referir, no lado esquerdo, o terreno, antigas instalações da Companhia Portuguesa de Petroquímica, entretanto adquirido pela CMO, e onde funcionaram vários serviços camarários, transferidos, em tempo, para outras instalações, e uma empresa de génese municipal que foi extinta.

No lado direito, temos vários edifícios que albergam empresas modernas de vários ramos de atividade. Mais acima, junto a uma rotunda, temos as instalações do Grupo Expresso. jornal e televisão SIC, e em frente um terreno agrícola como testemunho do que foi Oeiras, em tempos passados, em pousio, a aguardar o que o futuro lhes irá ditar, provavelmente a sua urbanização.

Segue-se a urbanização da Vinha do Torneiro, em frente ao que resta da quinta, cujo muro acompanha a rua, seguindo-se nova zona agrícola, que se estende ao longo da A5 até à Rotunda Vitor Alves, e que no início, tem os depósitos da água, dos SIMAS. Voltamos ao lado direito da artéria, no sentido em que a estamos a percorrer, para assinalar um edifício comercial com várias lojas no piso térreo, snack bar, pastelaria, papelaria, loja de óculos, e no piso superior o restaurante Sol da Barra Terrace, ao que se seguem as instalações da lavagem de viaturas, Elefante Azul, e abastecimento de combustíveis. Logo a seguir uma oficina de reparações auto, ao que lhe segue uma zona verde, com algumas árvores, que esperemos, seja para ficar.

De novo chegados à Rotunda Vitor Alves, de onde, à nossa direita, segue a Rua António Sena da Silva, para a Terrugem, e à esquerda, a Av. Prof. António Maria Batista Fernandes, para a Rua do Monte, e Murganhal, através do viaduto que se sobrepõe à A5. Será desta rotunda, que irá começar a VLS, que seguirá ao longo da A5, através do terreno da antiga pedreira das Perdigueiras, e que vai ligar à A5, junto da Cidade do Futebol, após passar, em viaduto o vale da Ribeira de Barcarena, e entre as Ruas Carlos Pereira e Constança Capdeville. Este traçado levanta muitas preocupações junto das populações residentes, já que receiam a perda de qualidade de vida.

Também a existência da Unidade de Cuidados Continuados, que obriga a estreitamento da via, merece algumas preocupações. A parte final, do Murganhal até à rotunda (futura) em frente ao Hospital S. João de Deus, será a atual estrada que será alargada para receber 4 vias. Também, a parte final do acesso à A5 tem merecido muitas críticas, pois é de uma via, em curva, pouco segura, portanto, pensamos, que aqui a solução será mais fácil, do que nas questões anteriores, pois a morfologia do terreno permite a construção dum viaduto que resolverá a contento.

É neste terreno, Pedreira das Perdigueiras que, brevemente, irá iniciar-se a construção de um grande Parque Empresarial, prevendo-se a criação de mais de dois mil postos de trabalho, o que se saúda, e que se estende ao longo da A5 e da Rua Calvet Magalhães, até à Rotunda Baden Powell, e à rua de acesso à Pedreira Italiana, Rua Roma.

Este empreendimento leva a que, a há décadas, prevista via de ligação à A5, e que antes referimos, seja uma prioridade, já que, não estando prevista nova ligação à A5, que seria o mais recomendável, a nosso ver, pois será enorme o impacto na mobilidade da zona, já de si muito povoada, e em constante crescimento, o que trás, naturalmente, grandes apreensões aos residentes que receiam um constante fluxo automóvel, o que já se verifica na Rua Calvet de Magalhães, com os inerentes efeitos na sua qualidade de vida. Estudos para minimizar esses efeitos, estão anunciados pelo que é com grande expectativa que se aguardam os seus resultados e aplicação.

O Parque Empresarial da Pedreira das Perdigueiras, é uma iniciativa do Grupo Teixeira Duarte, proprietária do terreno, que detém 50%, da empresa criada para o efeito e de uma empresa chinesa, que participa com os outros 50%, e que a par do empreendimento do vale Quinta da Gibalta, da empresa Vanguard, trazem a Caxias uma nova realidade, até aqui reservada a construções de pequenas dimensões esta Vila passa a ser outra, acaba-se o romantismo que durante séculos a caracterizou e que fica para a história, bem representada na literatura, e nos monumentos que serão, certamente, preservados, não poderá ser de outra maneira.

Voltamos à Rotunda Baden Powell, onde termina a Rua António Pires, que atravessa uma urbanização construída pela cooperativa que presidia e que assim o homenageia. A propósito de Cooperativa, não estaremos de novo, a atravessar uma época, em que a necessidade de construir habitação aconselhe a novo movimento cooperativo que tantos bons exemplos deixaram em experiências tidas no século passado?

E assim chegámos ao fim dos Caminhos de hoje, desejando aos nossos leitores boas férias depois dos arraiais.

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José Marreiro

José Manuel Reis Marreiro, natural de Silves, nascido a 16 de fevereiro de 1946. Residente em Caxias, Paço de Arcos desde 1957. Licenciado em Gestão e Organização de Empresas, pelo Instituto Superior de Economia de Lisboa.Exerceu funções em Escritório de Advogados, de Editora Parceria A.M. Pereira, Lda. e na Banca: Gerente nos Bancos, Borges & Irmão e BCI, actualmente Santander;Desde cedo que se interessou por solidariedade, desporto e cultura, tendo organizado, como dirigente, e participado em inúmeros eventos. Assim, foi com naturalidade que veio a integrar, como vogal, o Conselho de administração da Fundação Sarah Beirão e António Costa Carvalho, IPSS, com sede em Tábua.Atualmente, é Presidente da Direção da Associação Cultural A Voz de Paço de Arcos e Diretor do seu jornal. Nestas funções promove projetos nas áreas: social, desportiva e cultural e assume a sua divulgação através dos seus órgãos de comunicação: A Voz de Paço de Arcos, A Cartuxa (suplemento) e A Voz de Paço de Arcos Online

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