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Do Alto da Boa Viagem, Caxias, à Casa dos Cacetes em Paço de Arcos – Parados, abandonados, ou lá perto.

Inspirado pela fantástica fotografia vencedora do Concurso Oeiras 2023, organizado pela ACAVPA, que mostra a degradação das arcadas do claustro grande do Convento da Cartuxa, vamos dedicar este Caminhos a outros exemplos de edifícios parados ou abandonados, e igualmente degradados, localizados em Caxias e Paço de Arcos.

Começamos pelo muito bem localizado edifício, em frente ao mar, com vista para a foz do Tejo, no entroncamento do acesso à A5 e a Estrada Marginal, na Quinta da Boa Viagem.

Construído aquando da construção das referidas estradas, início da década de 40 do século XX, este edifício acolheu um distinto salão de chá, restaurante, frequentado pelas famílias da dita classe alta, que se deslocavam nas suas viaturas, de Lisboa e da linha de Cascais (então chamada Costa do Sol) para fazerem os seus encontros sociais. Durante a guerra terá sido aproveitado pelos espiões para observarem o movimento de navios na barra do Tejo e outras observações de seu interesse.

Apesar do sucesso inicial logo fechou, após poucos anos de atividade. Desentendimentos entre os proprietários a isso terá levado.

E assim, passados que são cerca de 70 anos se mantém abandonado, degradado pela ação do tempo e do vandalismo.

Está anunciado que, em breve, a atual proprietária da Quinta, a grande empresa mundial, uma das maiores do Mundo, inicie a construção do empreendimento imobiliário que fez aprovar, para este magnífico espaço, e que, fazemos votos, inclua a recuperação deste icónico espaço, um miradouro que permite usufruir de grandes e belas vistas da outra margem do Tejo e do mar.

Começamos a nossa viagem, pela marginal, em direção a Paço de Arcos, e logo encontramos outra quinta abandonada, claro, com o edifício, igualmente, vandalizado e degradado pelo tempo e pelos usos indevidos a que esteve sujeito.

Também esta quinta, a Quinta da Gibalta, deixada em testamento pelo seu antigo proprietário, Sr. Viegas, a uma Misericórdia, é atualmente propriedade da referida empresa imobiliária, que em breve iniciará a sua recuperação com um projeto que estará em elaboração.

De novo a Caminho, entramos na Estrada da Gibalta para o interior de Caxias, e paramos junto ao edifício, do antigo restaurante Mónaco, no outro lado da linha, onde se avista a parede revestida a azulejo

Outro caso de sucesso, durante muitas décadas foi considerado um dos melhores restaurantes da linha de Cascais, dada a sua vista para o mar, a sua qualidade de serviço, e qualidade musical da sua orquestra permanente composta por grandes músicos, como os inesquecíveis Shegundo Galarza e Menezes, entre outros.

As festas do Mónaco, que antes tinha sido o Vela Azul, ficaram famosas e continuam na memória de quem nelas participou.
O edifício está abandonado, degradado, tem projeto para um hotel, mas, ou qualquer questão legal/burocrática, de financiamento ou de interesse empresarial tem impedido a sua concretização.

Uma centena de metros mais à frente e deparamo-nos com o principal edifício da vila de Caxias, O Palácio Real, com vários anexos, onde funcionaram

serviços militares, Instituto de Altos Estudos Militares, Psicotécnicos do Exército, seguido da antiga padaria da Manutenção Militar, que após décadas de abandono atingiram um altamente lamentável estado de degradação, tendo sido roubados muitos elementos decorativos com interesse histórico cultural, nomeadamente os azulejos do Palácio.

Após várias tentativas para encontrar uma solução para a triste situação, finalmente a boa notícia de que a empresa hoteleira Vila Galé vai iniciar, em breve, a construção dum hotel, nas condições expressas pelo concurso que ganhou. Que desta seja de vez e que aquele tão importante património possa ter nova e adequada vida.

Dirigimo-nos, agora, à Rua João Carvalho, onde em frente à oficina automóvel, permanece parte do parcialmente demolido edifício ilegal, onde outrora havia a Vivenda Maria Luísa, que depois foi a sede do Clube Recreativo de Caxias, posteriormente, foi instalado um lar para idosos, tendo sido, para o feito, acrescentados quartos, ilegalmente, com a construção à volta do edifício legal existente.

Esperamos que seja possível ao atual proprietário encontrar um projeto legal que possa implementar, e assim livrar Caxias desta prejudicial ruína.


Seguimos agora para Paço de Arcos, onde outras situações nos merecem igual interesse, embora referindo-se a edifícios mais recentes. Comecemos pelos prédios habitacionais, na Estrada de Paço de Arcos, onde cerca de 70 apartamentos estão fechados, só um ou dois estão habitados, por não cumprirem com as normas exigidas para a obtenção da licença de habitação.

Atendendo à crise da habitação, para além de outras razões, não haverá na legislação solução para esta situação que se mantém há décadas? O construtor faliu? Desapareceu? Os credores hipotecários, se os houver não atuam? O credor Estado, pelo fisco que mais não seja, E a CMO não tem meios legais e financeiros para negociar com todos os intervenientes e resolver todas as dificuldades inerentes, nem que seja a demolição do que tenha sido construído ilegalmente, ou mesmo se tiver que ser a demolição total dos edifícios, o prédio Coutinho também o foi, é que só o terreno, atualmente, tem muito valor o que permitiria pagar muita coisa.

Claro que poderá haver outros aspetos não aqui ponderados, que estejam a emperrar o processo, nem eu quero descobrir a pólvora, é só o que sinto.

Descemos ao Centro Histórico da Vila, é com grande satisfação que nos deparamos com algumas obras de recuperação terminadas, ou em curso, e infelizmente algumas que uma vez iniciadas pararam e que tardam em retomar.
Começamos por referir os prédios junto à Estrada Marginal, entre a Quinta do Relógio e o Hotel Vila Galé, que foram desativados há já uns anos e que só parte estão em obra.

Junto à Marginal, logo após a antiga Lota, um antigo pequeno edifício entrou em obra para adaptação a bar mas logo parou, mantendo-se com o andaime. A obra é para continuar, ou não há condições?

Chegamos à Av. Marquês de Pombal, onde começou a obra do grande armazém para adaptação a restaurante, segundo nos constou, mas após alguns dias de trabalho de limpeza e descarga de materiais tudo parou, o que se passa?

Vamos terminar esta nossa relação de situações que nos preocupam com uma preocupação maior que é a tristeza que se sente, ao ver que a icónica Casa dos Cacetes, Casa Bonvalot ou Tarantela, mais recentemente, a ser nomeada como a nova Santa Engrácia, que começou, parou, recomeçou, voltar a parar.

Quando voltaremos a ter ao serviço da Vila, aquele tão importante espaço para a vida cultural, social e económica?
Como foi no 1.º andar desta casa que nasceu José Manuel Pinhanços, o José de Castro, aproveitamos para anunciar que a homenagem que lhe é prestada, anualmente, por A Voz de Paço de Arcos, pela UFOPAC e pela CMO, se realizará no sábado, 18 de novembro de 2023, com a romagem ao monumento pelas 16 horas e com a Sessão Solene, a realizar-se pelas 17 horas, pela primeira vez, no tão aguardado, e desejado, Auditório José de Castro.

Aguardamos, e agradecemos, a participação dos amigos do José de Castro que não o esquecem

3ª Série | nº 49 | Outubro 2023 | Autor: Sofia Martinho | Fotografia: Paço de Arcos Clube

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José Marreiro

José Manuel Reis Marreiro, natural de Silves, nascido a 16 de fevereiro de 1946. Residente em Caxias, Paço de Arcos desde 1957. Licenciado em Gestão e Organização de Empresas, pelo Instituto Superior de Economia de Lisboa.Exerceu funções em Escritório de Advogados, de Editora Parceria A.M. Pereira, Lda. e na Banca: Gerente nos Bancos, Borges & Irmão e BCI, actualmente Santander;Desde cedo que se interessou por solidariedade, desporto e cultura, tendo organizado, como dirigente, e participado em inúmeros eventos. Assim, foi com naturalidade que veio a integrar, como vogal, o Conselho de administração da Fundação Sarah Beirão e António Costa Carvalho, IPSS, com sede em Tábua.Atualmente, é Presidente da Direção da Associação Cultural A Voz de Paço de Arcos e Diretor do seu jornal. Nestas funções promove projetos nas áreas: social, desportiva e cultural e assume a sua divulgação através dos seus órgãos de comunicação: A Voz de Paço de Arcos, A Cartuxa (suplemento) e A Voz de Paço de Arcos Online

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