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CACHIAS – A Capela Nª. S.ª da Conceição

CACHIAS, a pequena Cachias tinha também a sua Padroeira e a sua Capela, hoje a nossa única ancestral raiz por nós construída neste “Lugar”.

Encontro mencionada a sua existência, juntamente com outras, no DICIO, MAPA DE PORTUGAL de 1763 do Pd. J. Bautista de Castro e calculo que a sua edificação terá sido muito próxima e após a construção do Forte Nª. Sª. do Vale (1653). Antes, só as suas raízes naturais permanecem bem agarradas à nossa Caxias.

As pequenas casas originais da Rua Direita e do Largo Croft de Moura (da Capela) desapareceram, umas bem no principio e outras bem no fim dos anos de 1900 e anotamos que as mais antigas hoje existentes, incluindo o Palacete Porto Covo, foram construídas a partir do início do século XIX. O edifício da Direcção de Faróis – hoje, Instituto Socorros a Náufragos – em 1924 e os últimos dois prédios, logo ao lado, entre os anos 2000 e 2004.

CACHIAS – A Capela Nª. S.ª da Conceição

A Capela foi construída no pequeno Largo ali formado, em plena Estrada Real e em frente ao Forte Nª. Sª. do Vale, tendo apenas e paralelamente à sua direita umas cinco pequenas casas e logo outras, talvez uma dezena, no seguimento da estrada, acompanhando-a só pelo lado direito (no lado esquerdo chapinhavam as ondas contra os rochedos), até à bifurcação a 150m. mais à frente (hoje, frente à casa de Massarelos), em que a Estrada Real seguia para o Paço Real, Quinta da Lagoinha e Paço de Arcos e a outra seguia para o Murgalhal, Barquerena e Queluz.

Nas traseiras destas casas, logo começava a elevar-se o despido Monte Caachias. Nª. Sª. da Conceição era a padroeira da muito pequena colónia de pescadores que aqui viveram desde sempre, até cerca dos anos 30 (1930), dos quais ainda existem raízes em Laveiras, os “Norbertos”, e que um dos meus muitos tios acompanhava. Pescavam normalmente na extensa e arenosa baía entre os rochedos da base do Forte (Curva do Mónaco) e os rochedos do “cabeço da velha” ou do Farol.

A Capela original já com muito mais de um século, degradada e exígua para tantos fieis que a ela acorriam aos Domingos, teve no Engº. Croft de Moura o benemérito que a ampliou e praticamente a reconstruiu no ano de 1909.

Nela existia a Imagem da Nª. Sª. da CONCEIÇÃO, se bem me lembro com um manto azul, um grande Crucifixo e umas jarras para flores. Nos anos 40 (1940 – minha infância), a Capela já era pequena demais para acolher os seus fieis. Lembro-me que houve melhoramentos, nomeadamente na sua conservação e com novos bancos. As Senhoras e as meninas tinham lugar sentadas; os homens ficavam de pé até saírem a porta e os rapazotes ficavam mesmo de fora, acabando por não assistir à missa e entretinham-se a brincar “ao toca e foge” e a fazer barulhos a que os nossos pais tinham forçosamente de intervir.

A ela acorriam, entre outras, as distintas famílias de Croft de Moura, Cancela de Abreu, Ferin Cunha, Trigo de Morais, Coronel Campos Pereira , Capitão Xavier Viegas, Madame Paquita, Chistopher Hall, e no verão juntavam-se as famílias de Almeida Bello e Ortigão Ramos que aqui vinham passar o período estival.

Com tanta afluência para o seu pequeno espaço, os fieis foram chamados para assistirem às missas da Cartuxa ou de Laveiras e a Capela encerrou de vez. Entretanto, o Engº Ferin Cunha erigiu junto à sua bela moradia a sua Capela privada e onde grande parte de nós pôde recorrer para a sua missa dominical.

Mas a nossa Capela tinha raízes e rejuvenesceu depois de 25 anos de abandono. Deram-lhe vida bem activa e durante muito tempo a nossa juventude do Agrupamento de Escuteiros Nº 45, sob o apadrinhamento do nosso muito estimado Padre João Legault, Canadiano e Caxiense.
Porém, tornando-se exígua para os manter, também eles a abandonaram e assim se encontra aproximadamente há vários anos. Não a deixemos desaparecer!

Carlos A. R. Frederico de Albuquerque

Caxias, 10/JAN/2022

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