A Passadeira Vermelha das TI
Criada por Paddy Crosgrave, David Kelly e Daire Hickey em 2009 na Irlanda, a Web Summit tornou-se o maior evento de tecnologia da Internet do mundo. As suas primeiras cinco edições aconteceram naquele país. Em 2016 é realizada pela primeira vez em Lisboa e o sucesso, tanto do evento quanto da própria cidade, foi de tal ordem que ao seu fim Paddy Graves anunciou que a edição seguinte seria também em Lisboa, e assim foi e novamente a superação das expectativas, em todos os aspetos, fez com que a autarquia da cidade estabelecesse um acordo para outras nove edições ou seja, até a Web Summit continuará por cá até 2027 coincidindo portanto com e definição da Cidade Europeia da Cultura que esperamos, seja concedida à Oeiras.
Entretanto a pandemia acabou por condicionar a edição de 2020 que foi realizada totalmente online numa experiência que os organizadores chamaram de “two screen experience” em função do desenvolvimento de uma aplicação para desktop e mobile para o propósito. Claro que com esse formato o impacto econômico para Lisboa foi bastante mais reduzido. Li algures alguém a questionar se valia a pena pagar 900€ num evento online. Não pesquisei para saber outras opiniões.
Felizmente, com a redução dos condicionamentos impostos pela pandemia, neste ano entre os dias 1 e 4 o evento decorreu no seu formato original no mesmo Altice Arena, com a obrigatoriedade do certificado de vacina ou teste negativo para a COVID19, porém sem a pujança das versões anteriores mas, mesmo assim, com nada mais nada menos que setecentos palestrantes e 42.751 participantes dos quais, pela primeira vez, a maioria – 50,5% – mulheres.
De referir que nesta edição, com um público bem menor e portanto, com melhores condições para o network, segundo alguns assistentes, a vencedora do prêmio que leva o mesmo nome do evento, foi a empresa portuguesa Smartex. Com sede na Califórnia ela dedica-se ao desenvolvimento de um sistema de câmeras, luzes e algoritmo que vigiam a fabricação de têxteis à procura de defeitos a fim de reduzir o desperdício.
De destacar ainda as participações da CTO do Facebook Mike Schroepfer – “A quantidade de discurso de ódio que os sistemas de IA do Facebook identificaram e removeram aumentou cinco vezes” – a primeira entrevista ao vivo da denunciante do Facebook, Frances Haugen e a concessão à Samuel Eto’o do prémio Web Summit Innovation
Tendo em linha de conta que o network é o principal motivo apontado pelos participantes para estarem presentes no evento parece que os benefícios alcançados compensam sobejamente o valor do ingresso. Aguardemos pela edição do próximo ano para ver o que nos reserva a novas tecnologias e as personalidades que até lá se destacarão a ponto de merecerem o privilégio de subir ao palco da edição de 2022