O meu bairro
Autoria: Graciela Candeias
Edição 60, Agosto de 2025

O meu bairro é para mim um espaço de contacto com a natureza. O ar é saudável, cheira a campo, a árvores, a vegetação.

Ao romper da manhã, os passarinhos cantam empenhados. Não aprenderam música. Nasceram com esse dom. É doce ouvi-los nos seus trinados. Também apreciar a beleza da sua configuração física, a cor das suas penas. É uma dádiva de beleza. Têm seus parceiros amorosos, seus parceiros para a vida.
E o bairro respira em quase silêncio. Os moradores foram trabalhar. Às 8 horas em ponto, começa o trabalho de construção civil, por vezes ruidoso, mas necessário. Só ao fim da tarde, os moradores regressam. Então cumprimentam-se de perto, numa proximidade visível, de quem se conhece há muito.
É hora de passear os cães. Eles saem em festa, em alegria, ladram, de forma personalizada.
Algumas crianças brincam na rua, correm, riem, desempenhos que me recordam a minha infância na província longínqua, onde também brincávamos ao fim da tarde e começo da noite. Não havia medo, nem conhecíamos a palavra segurança, mas sentíamo-la dentro de nós. Como aqui e agora.

Alguns domingos e feriados, ouve-se música ao longo do dia em todo o bairro. Prefiro a que apresenta melodia afro.
Meus vizinhos todos são comunicativos e agradáveis. É um viver rodeada de bom ambiente.
O meu bairro é muito quente e muito frio. E ouvimos bater as horas no relógio da torre, a tocar o sino da igreja para lembrar aos fiéis seus deveres religiosos. Tem uma Ludoteca, onde crianças passam o seu tempo aprendendo e brincando. Temos apoio domiciliário, para ajuda aos mais idosos.
E temos a tasca do sr. António, com bom ambiente, pessoas íntegras, correctas e boa comida.
Gosto muito do meu bairro.
Graciela Candeias
Pinturas de Mirela Anton

