Duas mãos não chegam
Não chegam para ti
Não chegam para te chegar
Não chegam para o que quero alcançar
Duas mãos o que são?
Senão um enorme espaço confinado
Quilómetros de estradas num beco
Todos os oceanos num copo
Centos de páginas num parágrafo
Tão nada, tão pouco
Duas mãos
Não dá assim, é escasso
Por mais que estique este braço
Só ganha espaço esta distância
E a vê-la cresço em ânsia
Impotente, de mãos atado
e então em duas mãos
Duas mãos não chegam
Nada chega
Tudo também não
No fim é como tudo
Como tudo tende a ser
© Copyright Miguel Santos Teixeira_2020
Belíssimo poema, Miguel Teixeira. Quanta sensibilidade!